quarta-feira, 23 de outubro de 2013

HISTORINHAS CURTAS PARA CRIANÇAS

Historinhas curtas para Educação Infantil.

A Galinha dos Ovos de Ouro

Certa manhã, um fazendeiro descobriu que sua galinha tinha posto um ovo de ouro. Apanhou o ovo, correu para casa, mostrou-o à mulher, dizendo:
_ Veja! Estamos ricos!
Levou o ovo ao mercado e vendeu-o por um bom preço.
Na manhã seguinte, a galinha tinha posto outro ovo de ouro, que o fazendeiro vendeu a melhor preço.
E assim aconteceu durante muitos dias. Mas, quanto mais rico ficava o fazendeiro, mais dinheiro queria.
Até que pensou:
"Se esta galinha põe ovos de ouro, dentro dela deve haver um tesouro!"
Matou a galinha e ficou admirado pois, por dentro, a galinha era igual a qualquer outra.
Esopo
Quem tudo quer tudo perde.
O Leão e o Ratinho

Um leão, cansado de tanto caçar, dormia espichado à sombra de uma boa árvore. Vieram uns ratinhos passear em cima dele e ele acordou.
Todos conseguiram fugir, menos um, que o leão prendeu embaixo da pata.
Tanto o ratinho pediu e implorou que o leão desistiu de esmagá-lo e deixou que fosse embora.
Algum tempo depois, o leão ficou preso na rede de uns caçadores. Não conseguia se soltar, e fazia a floresta inteira tremer com seus urros de raiva.
Nisso, apareceu o ratinho. Com seus dentes afiados, roeu as cordas e soltou o leão.
Uma boa ação ganha outra. 

A Lebre e a Tartaruga

Era uma vez... uma lebre e uma tartaruga.
A lebre vivia caçoando da lerdeza da tartaruga.
Certa vez, a tartaruga já muito cansada por ser alvo de gozações, desafiou a lebre para uma corrida.
A lebre muito segura de si, aceitou prontamente.
Não perdendo tempo, a tartaruga pois-se a caminhar, com seus passinhos lentos, porém, firmes.
Logo a lebre ultrapassou a adversária, e vendo que ganharia fácil, parou e resolveu cochilar.
Quando acordou, não viu a tartaruga e começou a correr.
Já na reta final, viu finalmente a sua adversária cruzando a linha de chegada toda sorridente.

Moral da história: Devagar se vai ao longe!


A Menina do Leite

A menina era só alegria.
Era a primeira vez que iria à cidade, vender o leite de sua querida vaquinha.
Colocou sua melhor roupa, um belo vestido azul,e partiu pela estrada com a lata de leite na cabeça.
Ao caminhar, o leite chacoalhava dentro da lata.
A menina também, não conseguia parar de pensar.
"Vou vender o leite e comprar ovos, uma dúzia."
"Depois, choco os ovos e ganho uma dúzia de pintinhos."
"Quando os pintinhos crescerem, terei bonitos galos e galinhas."
"Vendo os galos e crio as galinhas, que são ótimas para botar ovos."
"Choco os ovos e terei mais galos e galinhas."
"Vendo tudo e compro uma cabrita e algumas porcas."
"Se cada porca me der três leitõezinhos, vendo dois, fico com um e ..."
A menina estava tão distraída em seus pensamentos, que tropeçou numa pedra, perdeu o equilíbrio e levou um tombo.
Lá se foi o leite branquinho pelo chão.
E os ovos, os pintinhos, os galos, as galinhas, os cabritos, as porcas e os leitõezinhos pelos ares.

Moral da história:
Não se deve contar com uma coisa antes de conseguí-la.
O Cão e a Carne.

Era uma vez um cão, que ia atravessando um rio; levava na boca um suculento pedaço de carne. Porém, viu na água do rio a sombra da carne, que era muito maior.
Prontamente ele largou seu pedaço de carne e mergulhou no rio para pegar o maior. Nadou, nadou e não achou nada, e ainda perdeu o pedaço que levava.

Moral da história: Nunca deixes o certo pelo duvidoso. De todas as fraquezas humanas a cobiça é a mais comum, e é todavia a mais castigada.

Magda Soares - Alfabetização e Letramento


terça-feira, 22 de outubro de 2013

O que é Ludicidade?

 




LUDICIDADE, UMA CONSTATAÇÃO

Texto: Daniela Gomes

Hospitais modernos dispondo de ambientes mais acolhedores e alegres, com brinquedotecas e palhaços integrando mais qualidade no tratamento de pacientes, em que a saúde se comprova cada vez mais presente com o riso, com o bem-estar psicoemocional e social das pessoas. Empresas de ponta desenvolvendo programas de incentivo à criatividade de seus colaboradores, com trabalho cooperativo em ambientes agradáveis e motivadores, estimulando relações interpessoais saudáveis a gerar melhor produtividade com qualidade de vida e trabalho de suas equipes. Escolas e espaços educacionais inovadores com educadores e gestores experimentando e propiciando uma aprendizagem prazerosa e estimulante, em que pesquisa, descoberta e criatividade caminhem juntas, num ambiente instigador. Organizações do terceiro setor investindo em programas de educação não-formal a despertar o espírito lúdico e artístico de jovens e crianças, adultos e terceira idade, como propulsores de atitudes de auto-confiança e aperfeiçoamento pró-ativo dessas pessoas.

Esse é o quadro atual de apenas algumas das áreas em que a ludicidade se mostra cada vez mais presente no desenvolvimento da atividade humana, por sua comprovação científica de que ao estimular o estado lúdico de uma pessoa, essa se torna mais feliz consigo mesma e por isso mais sociável, mais disposta a lidar com desafios e ainda mais criativa em sua atuação cotidiana.


O QUE É LUDICIDADE?

Concebemos por ludicidade o potencial inerente ao ser humano de estar entregue ao momento presente de forma integral, conectando e harmonizando pensamento, sentimento e ação. Sua vivência propicia uma experiência que desconhece divisões e assim permite o prazer do processo vivenciado, levando consequentemente a resultados mais amplos e integrados. Na criança, um bom exemplo dessa expressão é quando esta brinca livremente, altamente concentrada no que pensa, sente e faz. Já num adulto, podemos visualizar tal potencial num ato de criação artística ou mesmo numa atuação profissional em que o/a profissional se entregue de ‘corpo e alma’ ao que faz. Assim, todos somos seres lúdicos em essência – da criança ao idoso – podendo exercitar esse estado de ludicidade em nosso cotidiano.

Ao longo de nossa caminhada perdemos, de certa forma, o contato com esse estado essencial e criativo e então atualmente nos voltamos em busca do mesmo. Essa busca fez da ludicidade um campo científico, com autores e pesquisadores oriundos de diversas áreas como filosofia, psicologia, antropologia, educação, saúde, área corporativa, dentre outras. Desde disciplinas em cursos de graduação a pós-doutorados na área, a ciência lúdica vem se intensificando nas últimas décadas e comprovando que podemos avançar enquanto espécie humana ao expressarmos nossa essência lúdica e criativa. Uma prova disso é que se mostra atualmente como uma tendência amplamente reconhecida – o tema foi matéria de capa da edição brasileira da Scientific American – Mente & Cérebro – de janeiro/2011.


O CONTATO COM A LUDICIDADE ESTIMULA O POTENCIAL CRIATIVO

Certamente, já nos perguntamos por que quando somos criança em geral nos sentimos muito mais criativos que quando adultos. Pesquisas recentes constatam considerável decréscimo da expressão criativa à medida que vamos amadurecendo. Entendemos criatividade como a habilidade de fazer emergir novas possibilidades diante de situações diferenciadas ou desafiadoras. Howard Gardner, pai da teoria das Inteligências Múltiplas, em suas pesquisas sobre criatividade constatou que grandes gênios criativos da humanidade possuíam um estado lúdico, que chamou de estado de curiosidade pueril, de se fazer questionamentos aparentemente estranhos, como: “Como deve ser viajar à velocidade da luz?”, usando a imaginação. Einstein, por exemplo, se auto-intitulava como a pessoa mais curiosa que ele conhecia. Assim, ludicidade e criatividade andam juntas!


UMA LÓGICA LÚDICO-CRIATIVA É INCLUÍDA HOJE POR GRANDES ORGANIZAÇÕES VISIONÁRIAS

Empresas visionárias de ponta hoje funcionam incluindo uma lógica lúdico-criativa em seu processos. Lembro agora de uma internacionalmente reconhecida empresa de criação em design da Inglaterra, a Wolff Olins, que atua diretamente no ramo da criatividade, e que estimula seus colaboradores a desenvolver hobbies que gostam dentro da própria empresa e assim reforçam o estímulo a seu potencial criativo: um deles fez um teto verde cultivado no terraço da empresa, outro ministrava aulas de arte macial que praticava, 1 vez na semana, para os demais colaboradores, enfim, colaboradores que incorporavam o bem-estar gerado por suas paixões à paixão de continuar criando no trabalho, não havendo assim divisão entre trabalho e ludicidade, entendem? Posso também trazer o exemplo de inúmeras empresas que têm buscado, aqui no Brasil, uma espécie de T&D para seus colaboradores envolvendo processos lúdico-criativos, como a Nestlé, Natura, Wolkswagen, dentre outras, através de sérias empresas especializadas no ramo como a Uno&Verso, de São Paulo. Diante disso, como profissionais podem desenvolver seu potencial lúdico, se integrar a essas empresas visionárias e até mesmo criar novas e também auxiliar tantas outras em transformação, se passam sua vida por sistemas que inibem seu potencial criativo?


O POTENCIAL LÚDICO-CRIATIVO PODE SER DESENVOLVIDO

Huizinga, filósofo autor da obra HOMOLUDENS, afirma que somos seres lúdicos em essência, carregando o jogo em nosso DNA cultural, ao longo da humanidade. Entendemos ludicidade, como também afirmam Luckesi, Maturana, dente outros, como um potencial interno, perceptível quando experimentamos plenitude no que quer que façamos, seja no trabalho, no lazer… Mas se nossa sociedade privilegiou qualidades lógicas e exatas em detrimento das lúdicas-criativas, então agora que voltamos a creditar-lhes sua devida importância ao lado das demais, precisamos de caminhos para desenvolvê-las, certo? É aí que entra uma nova educação, que integre nossas diferentes formas de interação com a realidade. Escolas Inovadoras na atualidade investem no desenvolvimento do potencial lúdico-criativo junto às crianças. Mas e o adulto? Será que temos universitários, técnicos e demais profissionais acessando esse desenvolvimento?

A trajetória da Educação Infantil.


Alfabetização ou Letramento?

Letramento é uma tradução para o português da palavra inglesa “literacy” que pode ser traduzida como a condição de ser letrado. Um indivíduo alfabetizado não é necessariamente um indivíduo letrado. Alfabetizado é aquele indivíduo que sabe ler e escrever; letrado é aquele que sabe ler e escrever,mas que responde adequadamente às demandas sociais da leitura e da escrita. Alfabetizar letrando, éensinar a ler e escrever no contexto das práticas sociais da leitura e da escrita, assim o educando deve ser alfabetizado e letrado. A linguagem é um fenômeno social, estruturada de forma ativa e grupal do ponto de vista cultural e social. A palavra letramento é utilizada no processo de inserção numa cultura letrada. 

Nos Estados Unidos e na Inglaterra, embora a palavra literacy já constasse do dicionário desde o final do século XIX, foi nos anos 80 , que o fato tornou-se foco de atenção e de estudos nas áreas da educação e da linguagem. No Brasil os conceitos de alfabetização e letramento se mesclam e se confundem. A discussão do letramento surge sempre envolvida no conceito de alfabetização, o que tem levado, a uma inadequada e imprópria síntese dos dois procedimentos, com prevalência do conceito de letramento sobre o de alfabetização. Não podemos separar os dois processos, pois a princípio o estudo do aluno no universo da escrita se dá concomitantemente por meio desses dois processos: a alfabetização, e pelo desenvolvimento de habilidades da leitura e escrita, nas práticas sociais que envolvem a língua escrita , o letramento. 

O conhecimento das letras é apenas um meio para o letramento , que é o uso social da leitura e da escrita. Para formar cidadãos atuantes e interacionistas, é preciso conhecer a importância da informação sobre letramento e não de alfabetização. Letrar significa colocar a criança no mundo letrado, trabalhando com os distintos usos de escrita na sociedade. Essa inclusão começa muito antes da alfabetização, quando a criança começa a interagir socialmente com as práticas de letramento no seu mundo social. O letramento é cultural, por isso muitas crianças já vão para a escola com o conhecimento alcançado de maneira informal absorvido no cotidiano. Ao conhecer a importância do letramento, deixamos de exercitar o aprendizado automático e repetitivo, baseado na descontextualização. 

Na escola a criança deve interagir firmemente com o caráter social da escrita e ler e escrever textos significativos. A alfabetização se ocupa da aquisição da escrita pelo indivíduo ou grupos de individuos, o letramento focaliza os aspectos sócio-históricos da aquisição de um sistema escrito por uma sociedade. “Em termos sociais mais amplos, o letramento é apontado como sendo produto do desenvolvimento do comércio, da diversificação dos meios de produção e da complexidade crescente da agricultura. Ao mesmo tempo, dentro de uma visão dialética, torna-se uma causa de transformações históricas profundas, como o aparecimento da máquina a vapor, da imprensa, do telescópio, e da sociedade industrial como um todo”. TFOUNI, Leda Verdiani. 

A alfabetização deve se desenvolver em um contexto de letramento como início da aprendizagem da escrita, como desenvolvimento de habilidades de uso da leitura e da escrita nas práticas sociais que envolvem a língua escrita, e de atitudes de caráter prático em relação a esse aprendizado; entendendo que a alfabetização e letramento, devem ter tratamento metodológico diferente e com isso alcançar o sucesso no ensino aprendizagem da língua escrita, falada e contextualizada nas nossas escolas. Letramento é informar-se através da leitura, é buscar notícias e lazer nos jornais, é interagir selecionando o que desperta interesse, divertindo-se com as histórias em quadrinhos, seguir receita de bolo, a lista de compras de casa, fazer comunicação através do recado, do bilhete, do telegrama. Letramento é ler histórias com o livro nas mãos, é emocionar-se com as histórias lidas, e fazer, dos personagens, os melhores amigos. Letramento é descobrir a si mesmo pela leitura e pela escrita, é entender quem a gente é e descobrir quem podemos ser. 

Autora: Amelia Hamze 
Profª FEB/CETEC e FISO